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terça-feira, 17 de abril de 2012

Super Meat Boy



Quem bate os olhos em Super Meat Boy pela primeira vez, provavelmente pensa que esse é apenas mais um daqueles joguinhos simples do gênero plataforma que encontramos espalhados pela internet. Alguns até dizem que jogos como este não deveriam ser lançados para os consoles, pois não aproveitam todo o potencial gráfico das máquinas.
Eis acima um preconceito que, infelizmente, ainda impera na comunidade gamer — principalmente no Brasil. Jogos distribuídos digitalmente muitas vezes são encarados por alguns jogadores como uma “perda de tempo”, principalmente pelo fato de serem mais modestos que as superproduções lançadas no formato físico.
Mas, no fim das contas, quem está perdendo tempo é você. Os jogos lançados em serviços como Xbox Live Arcade, PSN e outros meios de distribuição digital muitas vezes conseguem superar “grandes” games que se encontram sob os holofotes da especulação. O motivo disso? Normalmente, as equipes independentes ou pequenas possuem menos recursos e são obrigadas a focar na criatividade em vez dos milagres tecnológicos das superproduções.Img_normal 
Sim, os jogos lançados digitalmente são, normalmente, mais curtos que os jogos disponíveis em DVD ou Blu-ray. Mas, eles também são mais baratos, mais fáceis de serem adquiridos e quase sempre trazem propostas que conseguem quebrar paradigmas da atual geração. Afinal de contas, um FPS cai bem, mas é sempre bom conferir alguma coisa diferente.
A liberdade criativa dos desenvolvedores independentes é simplesmente espetacular, sendo um dos principais motivos para que tantos games indie se transformem em verdadeiros sucessos, tanto nas vendas quanto nas críticas. A ausência da intervenção de uma publicadora pode ter seus pontos fracos, em especial financeiramente, mas deixa o time de desenvolvimento livre para criar o que quiser.
Mesmo assim, muitos jogadores torcem o nariz quando alguém fala de jogos independentes. O maior problema é que quase todos os que falam mal nem sequer jogaram o game, comprovando que o preconceito existe.
Super Meat Boy tem tudo o que os títulos indies gostariam de ter. Uma fórmula simples e viciante, um visual engraçado e a incrível capacidade de divertir qualquer um que pegue o controle. E quem diria que um dos jogos mais interessantes desse ano seria desenvolvido por uma equipe formada, essencialmente, por apenas duas pessoas: Edmund McMillen e Tommy Refenes.

Aprovado

Um pedaço de carne? É isso aí
Antes de qualquer coisa, vale ressaltar a maneira como a Team Meat, a equipe responsável pelo desenvolvimento do jogo, homenageou os jogadores e os video games em Super Meat Boy. Isso fica claro antes mesmo de desfrutar do game, nos comerciais e trailers lançados antes do jogoatingir a XBLA.
Em um deles, a equipe criou uma propaganda que parece pertencer aos jogos de plataforma lançados na década de 1990, esbanjando termos e efeitos visuais típicos das peças publicitárias que eram veiculadas na televisão durante este período. Até mesmo alguns cartuchos de Nintendo 8-bits e Super Nintendo com o nome de Super Meat Boy estampado foram criados pela Team Meat para promover a nostalgia oferecida pelo game.
Dentro de Super Meat Boy, a homenagem também é clara. Além de aproveitar-se de um estilo totalmente clássico dos video games, o jogo faz várias referências a títulos famosos, como Street Fighter II e diversos outros. E mais: alguns personagens de jogos independentes podem ser desbloqueados e controlados por você.
Na trama, Super Meat Boy também se aproveita dos clichês do entretenimento eletrônico, criando algo descontraído e de ode saudosista. Essencialmente, você encarna um nojento pedaço de carne chamado Meat Boy, que se sente atraído por uma “garota”, a Bandage Girl — na realidade é um emaranhado de curativos. Entretanto, Dr. Fetus, um cara odiado por todos, resolve sequestrar a musa do Garoto Carne, dando início a uma jornada sem precedentes na vida do herói.
É uma história manjada? Certamente, mas o objetivo é exatamente isso. Como já mencionamos, a originalidade de Super Meat Boy não está em sua concepção, mas no fato de um jogo como esse ter sido lançado em plena era dos FPS e da alta-definição. Com muito humor e nostalgia, a trama do título cativa facilmente.
Pegar e jogar
Bem, e a jogabilidade de Super Meat Boy? Como funciona? É importante dizer que o game tem um tempo de aprendizado extremamente curto. Basicamente, é pegar e jogar. Qualquer um que tenha desfrutado de qualquer jogo do gênero plataforma não deve demorar mais que um minuto para se adaptar à obra.
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O jogador usa o direcional para controlar o personagem, enquanto o botão X corre e o A é usado para saltar. Pronto, isso é tudo. O objetivo aqui também é bem simples: chegar até o final da fase e salvar a Bandage Girl.
Super Meat Boy apresenta o velho esquema de mundos e fases, oferecendo ao jogador vários níveis ambientados em temas distintos — variando desde fábricas até hospitais bizarros. Ao todo, temos mais de 300 níveis, algo que deve render boas horas de jogo.
No início, pode até parecer que o título é fácil, pois as primeiras fases duram menos de 20 segundos. Entretanto, os níveis iniciais servem como uma espécie de tutorial, tendo sua dificuldade aumentada gradativamente, algo essencial para que o jogador domine a fórmula hardcore do game.
Meat Boy não é apenas um simples herói que salta sobre obstáculos e precipícios a uma velocidade constante. Além de ser extremamente rápido, os saltos do Menino Carne também são bem diferentes dos jogos antigos que assumem o mesmo gênero, principalmente por alcançarem distâncias absurdas.
O jogador pode até mesmo controlar a direção e a velocidade de Meat Boy no ar, algo utilizado exaustivamente durante sua jornada, servindo como pilar principal para as acrobacias mirabolantes do personagem.
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Como se não bastasse, o herói ainda é capaz de saltar nas paredes, executando movimentos que causam inveja a qualquer mestre da arte do Le Parkour. Esse é outro recurso que será usado com frequência, salvando a vida de Meat Boy diversas vezes. Algumas fases só poderão ser completadas com essa manobra, então é melhor dominá-la.
Em poucos instantes, você vai perceber que está totalmente vidrado no game. O aumento gradativo no desafio fará com que você jogue Super Meat Boy mais e mais, algo estimulado, principalmente, pela excelente sensação gerada quando um nível finalmente é completado. E não existem checkpoints: morreu, volta para o começo da fase. E quem disse que isso é ruim? O ritmo é frenético e nada fará com que você pare de jogar.
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O título ainda traz várias fases alternativas, na qual o nível muda drasticamente e a fórmula fica um pouco diferente. Conhecidas como Warp Zones, esses níveis trazem vidas limitadas ao jogador — ao contrário dos leveis normais, em que as chances são infinitas. Além disso, quem completar algumas dessas fases pode desbloquear novos personagens.
Esses personagens alteram significativamente a jogabilidade do game. Alguns deles possuem saltos mais longos, outros podem flutuar no ar e há ainda personagens que grudam em superfícies. Tudo isso sem estragar o nível de desafio de Super Meat Boy. O jogador também pode comprar esses personagens com os curativos, que são itens espalhados por locais não muito acessíveis das fases.

Reprovado

Tá difícil!
Super Meat Boy parece ter acertado em cheio na mosca. É difícil encontrar algum ponto negativo de relevância. Entretanto, não podemos negar que um modo multiplayer — competitivo ou cooperativo — cairia muito bem no game. Temos também os replays, gravados no final de cada fase, mas não é possível visualizar os dos amigos de sua lista. Para alguns, Super Meat Boy pode ser difícil demais ou até frustrante em algumas partes.
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Vale a pena?

Super Meat Boy é um jogo extremamente divertido. A fórmula simples e nostálgica deste jogo independente é a prova de que pequenos times também podem criar grandes espetáculos. Se você é um daqueles que torce o nariz para jogos distribuídos digitalmente ou com gráficos “simples”, então é melhor conferir Meat Boy para abrir a cabeça — talvez até literalmente.



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